Arilo Cavalcanti Jr, poeta, escritor, roteirista e dramaturgo. Participa de vários eventos em Fortaleza com os seus poemas temáticos. Dentre eles destacam-se: Os 30 anos (Jubileu de Pérola) do CRECI Ceará (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis), dos 40 anos da Construtora Mota Machado, dos 30 anos do Skal Internacional de Fortaleza, e do IV Encontro Nacional do Ministério Público em Defesa da Saúde. O seu poema “Desvendando o Brasil", tornou-se um Projeto Cultural nos eventos: Reunião Ordinária Especial do Conselho Nacional dos Procuradores Gerais (CNPG), Solenidade de Posse dos Corregedores Gerais do Conselho Nacional do Ministério Público dos Estados e da União, Posse da Procuradora Geral do Estado do Ceará, Dra Socorro França. O seu Projeto Cultural Desvendando o Brasil foi também realizado com sucesso na Escola Estadual Gilberto Freyre em Recife-Pe, bem como o seu poema "Os Protetores das Matas", que fala sobre os mitos e as lendas do Brasil, também foi transformado em peça teatral. Participou da Antologia do Solar de Poetas de Portugal. Autor do livro: Amor Sem Fim. Recebeu o Título Paul Harris, da Fundação do Rotary Internacional. Laureado com o Prêmio Noite dos Destaques em 01 de Setembro 2011.
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14/01/2015
13/01/2015
A Moda
O que eu desejo, senhoras,
É que se cumpra o rifão:
— Cada terra com seu uso,
Cada roca com seu fuso: —
Eis a minha opinião!
Mas, vestir-se o brasileiro
Como lhe ordena o francês...
Não acho isso direito!
Viver o povo sujeito
Aos figurinos do mês!
É mesmo falta de brio,
É fazer-se manequim;
Dizem que somos macacos...
Pois antes trajarmos sacos,
Do que servir de saguim!
Devemos ter nossa moda,
Tenha a sua o japonês;
Vista o prusso à prussiana,
Ande o russo a russiana,
Ninguém roube a do chinês.
Cada qual conforme o clima
De sua terra natal;
Que se o Norte tem calores,
No sul existem rigores
Da viração glacial.
Mas ornar-se quem tirita
Como quem sopra... é de mais!
Se trajamos nos estios
Como a França nos seus frios,
Não somos racionais!
E que roupagem ridícula
Nos impõe o tal Paris!
Que não levem... rabos tais!
Às damas puseram rabo! —
Pois não é um menoscabo
A esta terra infeliz? —
(...)
Batinas e polonaise,
Hoje, bico — amanhã, não;
Muitas trouxas, muitos regos,
Babados e repolegos,
Arregaços... confusão!
E franjas, fitas e penas!
No meio dessa babel,
A mulher desaparece...
Nem o marido a conhece
Nequele horendo pastel!
(...)
E é tamanha a tirania,
Que aqui não sabe ninguém
Como andará pela rua,
Ou consorte ou filha sua,
Em dias do mês que vem!
Já disse o suficiente...
Às damas peço perdão!
Apenas bato o abuso...
Cada terra com seu uso...
Esta é minha opinião!
(Juvenal Galeno)
Publicado no livro Folhetins de Silvanus
(1891).
In: GALENO, Juvenal. Folhetins de Silvanus. A
machadada. Apres. Renato Braga. Fortaleza: Ed. Henriqueta Galeno, 196
12/01/2015
Cajueiro Pequenino
Cajueiro pequenino,
Carregadinho de flor,
À sombra das tuas folhas
Venho cantar meu amor,
Acompanhado somente
Da brisa pelo rumor,
Cajueiro pequenino,
Carregadinho de flor.
Tu és um sonho querido
De minha vida infantil,
Desde esse dia... me lembro...
Era uma aurora de abril,
Por entre verdes ervinhas
Nasceste todo gentil,
Cajueiro pequenino,
Meu lindo sonho infantil.
Que prazer quando encontrei-te
Nascendo junto ao meu lar!
— Este é meu, este defendo,
Ninguém mo venha arrancar
– Bradei e logo cuidadoso,
Contente fui te alimpar,
Cajueiro pequenino,
Meu companheiro do lar.
Cresceste... se eu te faltasse,
Que de ti seria, irmão?
Afogado nestes matos,
Morto à sede no verão...
Tu que foste sempre enfermo
Aqui neste ingrato chão!
Cajueiro pequenino,
Que de ti seria, irmão?
Cresceste... crescemos ambos...
Nossa amizade também.
Eras tu o meu enlevo,
O meu afeto o teu bem.
Se tu sofrias... eu, triste,
Chorava como... ninguém!
Cajueiro pequenino,
Por mim sofrias também!
Quando em casa me batiam,
Contava-te o meu penar;
Tu calado me escutavas,
Pois não podias falar;
Mas no teu semblante, amigo,
Mostravas grande pesar,
Cajueiro pequenino,
Nas horas do meu penar!
Após as dores... me vias
Brincando ledo e feliz
O-tempo-será e outros
Brinquedos que eu tanto quis.
Depois cismando a teu lado
Em muito verso que fiz,
Cajueiro pequenino,
Me vias brincar feliz!
Mas um dia... me ausentaram. .
Fui obrigado... parti!
Chorando beijei-te as folhas. . .
Quanta saudade senti!
Fui-me longe... muitos anos
Ausente pensei em ti...
Cajueiro pequenino,
Quando obrigado parti!
Agora volto, e te encontro
Carregadinho de flor!
Mas ainda tão pequeno,
Com muito mato ao redor...
Coitadinho, não cresceste
Por falta do meu amor,
Cajueiro pequenino,
Carregadinho de flor.
(Juvenal Galeno)
Do Livro "Nova antologia Brasileira" F. Briquiet & Cia Editores, 1961, RJ.
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